quarta-feira, 14 de julho de 2010

Lei proíbe "palmadas pedagógicas" em crianças e adolescentes

Completando 20 anos, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) passará por reformulação. O estatuto já traz texto sobre maus tratos porém de forma genérica. O projeto de lei 2654/03 pode trazer mais detalhamento na descrição do que seria maus tratos e coloca que palmadas e beliscões ditos "pedagógicos" deverão ser penalizados com advertências, encaminhamento ao programa de proteção à família e orientação psicológica. 


O governo afirma que não pretende criminalizar os pais, e sim evitar que tragédias decorrentes de violência familiar aconteçam. 

Em 2009, pesquisadores norte americanos lançaram um estudo a respeito dos efeitos da palmada no desenvolvimento infantil (Correlates and Consequences of Spanking and Verbal Punishment for Low-Income White, African American, and Mexican American Toddlers. 14/set/2009, Child Development Journal), algo como Correlações e Consequências da palmada e da punição verbal para crianças de baixa renda brancas, afroamericanas e mexicanas.

Neste estudo, foi feita a seguinte pergunta: Você bateu no seu filho(a) semana passada? O resultado foi assustador. Para as crianças até 1 ano, um terço havia apanhado pelo menos duas vezes naquela semana. Já para as crianças de 2 a 3 anos, 50% apanharam três vezes durante a semana.

No mesmo estudo, os pesquisadores aplicaram testes para investigar as conseqüências deste tipo de prática. Descobriram que bebês que apanharam até 1 ano, ficam mais agressivos aos 2 anos. E nos testes de inteligência, crianças que apanharam com 1 e 2 anos, apresentam dificuldades aos 3 anos.

O estudo é recente, acaba de ser publicado. É necessário investigar melhor os dados para dar uma opinião concreta sobre o estudo.
Texto retirado do site: http://www.psicologoemcuritiba.com.br

Impor limites não necessariamente tem como único caminho a palmada. A criança desde muito pequena começa a entender o que pode e o que não pode. A palmada só traz a sensação de impaciência e intolerância dos pais que muitas vezes acaba descontando na criança as frustrações e cansaço do dia a dia, o que não faz com que a criança entenda o que está acontecendo.

Palmadas, tapas ou beliscões podem sim trazer traumas e gera sentimentos violentos na criança que pode transmitir à outras crianças na escola e no ambiente social.

Ter paciência, colocar limites e regras e conversar com seu filho, com certeza trarão mais bem estar e confiança entre pais e filhos.

Quem educa com amor, ensina o amor.

Vale a pena perguntar: Será que esta lei será cumprida? Ou se tornará mais uma lei não praticada, assim com outras do próprio ECA? Isto não é invasão de privacidade já que cada família tem uma cultura, uma ética própria? Como será fiscalizado? Será que a conscientização e uma campanha massiva sobre educação sem violência não geraria mais eficácia?

7 comentários:

  1. Uma vez ouvi de uma pessoa "aqui, na minha casa, eu que mando!". Dessa maneira, há uma ideia de q a lei q rege uma sociedade não atravessa aquele espaço "privado", ficando a cargo do "chefe" poder dizer o que pode ou não na sua casa, esquecendo-se ou tentando ignorar onde tal casa está localizada.
    Não há como fazer "leis paralelas" ou isoladas de um contexto. Então, o que pode parecer invasão de privacidade nada mais é do que seguir normas e regras comuns a uma sociedade e instituídas por uma coletividade. Está mais do que na hora de algumas pessoas q se sentem "fazendo o que bem entendem" compreenderem o óbvio, que não podem fazer tudo.
    Essa lei, sobre a proibição da palmada, parece ser uma tentativa de colocar uma certa ordem no que está sem nenhum senso de nada. Parece que hoje em dia pode-se tudo. Não, não podemos com tudo. Precisamos de ordem até para poder fazer alguma coisa bem feita.
    Na falta de palavras que possam distanciar a ações, as leis tentam resguardar um pouco de dignidade a quem precisa viver melhor, diminuindo a intrusão maciça que parece só parar com porrada, pancadaria, tapa, palmadas, etc. Mas há outros meios, felizmente. Por isso,
    precisamos retomar, e muito, o diálogo.

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  2. Fabi, muito obrigada pelas palavras e pela sua contundente contribuição.
    Ontem vi por um programa jornalístico uma psicóloga (que por ética não citarei nome) dizendo que palmadas são educativas e que se a palavra não resolve, a palmada na mão (não escrevi errado não, ela disse NA MÃO) é necessário para educar, e completou dizendo que a maioria de "nós" precisou levar uma palmada e que não interferiu em nada em suas vidas.... Fiquei pasma e resolvi escrever este artigo. Como fazer para que as pessoas não caiam nas mãos de tais profissionais?! E pior, que não entendam que nós psicólogos não fazemos apologia a violência, nem a palmadas! Continuo acreditando na educação pelo amor!!!!

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  3. Essa profissional a qual vc se refe, deveria ter dito que, para ela, numa opinião pessoal, ela acredita q palmada na mão funciona, q para ela "a maioria de nós precisou levar uma palmada", ou seja, é uma opinião que se baseia em impressões que ela teve, por algum motivo, que palmada resolve algo. Ela precisaria discriminar bem DE ONDE ela fala (se é como pessoa, em nome próprio, ou de um lugar de profissional que tirou conclusões a partir de resultados clínicos, pesquisas, etc).
    Uma escuta clínica ou uma opinião frente ao que observamos na sociedade deve ser feita a partir de uma escuta muito precisa, levando-se em consideração todo o contexto, de onde falamos, qual a sociedade que estamos, etc.
    Pensamentos que colocam questionamentos, e não certezas, em si já possibilitam algum tipo de alívio, pois permitem a circulação e o diálogo de angústias, de impressões, de anseios, e que por isso nos lançam em uma rede social.
    De uma forma geral, creio que falta justamente esse espaço para o diálogo, para a colocação de ideias divergentes, para o bom debate.
    Hoje em dia é muito comum algo que nos descontenta já ter uma resolução via AÇÃO IMEDIATA para SOLUCIONAR o incômodo.
    Nesse sentido, creio que vale mais abrir para discussões, circular ideias e podermos dialogar com maior liberdade, SEM OFENDER ninguém, sem ultrapassar limite do bom senso, sem precisarmos apelar para nenhuma medida drástica para que a palavra possa surgir.
    É minha opinião.
    Acho ótimo esse espaço no seu blog que sempre traz atualizações de temas contemporâneos no que diz respeito ao comportamento. Parabéns pela iniciativa.

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  4. Ola Danielle, também sou Psicóloga, em Jaú, interior de São Paulo, atua em clínica, e concordo plenamente com a EDUCAÇÃO ATRAVÉS DO EXEMPLO, DO AMOR. Violência gera mais violência. Como ensinar, um filho a NAO BATER EM ALGUÉM, se batemos nele? Como ensinar um filho a NAO GRITAR, se gritamos com ele?
    Espero continuarmos trocando idéias...
    Parabéns!
    meu blog: http://adrianaroveronipsicologiajau.blogspot.com/
    grande beijo
    Adriana Roveroni - Psicóloga

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  5. Eu só acho que a Psicologia do Amor é bonita demais nos livros e nos arrotos verborrágicos dos programas de TV, mas a grande verdade é que ela nada tem ensinado aos guris.

    O que se vê hoje nas portas das escolas são aprendizes de marginal, verdadeiros mal-educados.

    Antes levar umas palmadas do pai e da mãe que uma coça da polícia.

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  6. Adriana e Nilza, obrigada pela contribuição!

    Este assunto realmente gera uma longa discussão talvez sem uma solução definitiva, mas o que digo como educar com amor, é que não adianta os pais não baterem nem castigarem, se não houver carinho, e também não adianta espancar se não tem o mesmo sentimento de afeto. A educação em si é muito particular e passa por gerações em cada família, e não tem uma fórmula milagrosa para que o filho cresça "perfeito". Os pais precisam ser suficientemente bons, com ou sem palmadas, cada família é que vai decidir...

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  7. Acho que o importa é repensar a questão dos limites e como aplicá-los.
    Não sei se se trata tanto de psicologia do amor ou sem amor.
    O que temos é uma falta de paciência e o uso indevido de castigos físicos e psicológicos, as agressões, e por outro lado tb falta de limites e muita permissividade por parte dos pais.
    O assunto é bom para que possamos refletir.

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